domingo, 10 de abril de 2011

Confissões de um Stalker

>> A internet mudou minha vida: Não me sinto mais tão solitário.

Graças ao twitter, facebook, blogs, e afins, eu posso ter amigos virtuais, ou quase. "Quase" porque eu pouco me comunico com meus amigos virtuais. Mas acompanho tudo o que acontece com eles: dou risadas de suas piadas, fico triste com suas decepções, sei quando estão de rolo com alguém ou quando engatam um namoro. É como se fossem meus amigos, mesmo, aqui do meu lado.

>> Mas eles nem sabem que eu existo!

Eu sigo o que eles dizem no twitter, mas não estou entre seus seguidores. Eu entro na página de perfil de cada um para ler seus tweets. Quando não resisto, ouso deixar um comentário (anônimo) no blog ou no tumblr, e faço perguntas (anônimas) em seus 4ms. Para seu próprio bem, não posso correr o risco de que eles me conheçam!
Na verdade, conhecer não é problema, mas sim, eles passarem a gostar de mim.

>> Todas as pessoas que me amam, acabam... morrendo!

Essa é a pior maldição que alguém pode ter... Tudo que eu fiz para merecer tal destino foi NASCER. Meu pai engravidou minha mãe quando era noivo de outra mulher. Por minha causa, teve que desmarcar o casamento. A ex-noiva dele se suicidou. No processo de se matar, usou seu sangue em um ritual de magia negra e o resultado vocês já sabem... sobrou para mim.

Minha mãe morreu no parto.. Fui criado pelo meu pai, que sempre me odiou por ter perdido suas duas mulheres por minha causa (?!). Minha infância foi de velório em velório: minha avó, minha tia, a babá, amiguinho, amiguinha, outro amiguinho... Fui me tornando um sujeito amargo, todo mundo que gostava de mim, plim, desaparecia.. atropelamento, incêndio, infarto, afogamento, uma desgraça atrás da outra.

>> Um dia eu tive um sonho.

No sonho, minha mãe, que eu só conhecia de foto, me contou tudo sobre minha maldição, enquanto me dava banho em uma banheirinha, como se fosse um bebê. Nesse dia, me caiu a ficha. Afastei-me do mundo, fazia de tudo para me passar por despercebido, para que ninguém me notasse. Melhorou mas não resolveu. De vez enquanto morria alguém que me conhecia.

>> Passei a fazer com que as pessoas me odiassem.

Foi a solução: faço cara feia para todo mundo. Não olho nos olhos de quem fala comigo. Às vezes, nem respondo, deixo a pessoa falando sozinha. Grito muito, xingo muito, reclamo, atormento as pessoas. Não é de todo mal, tem dia que é até divertido: Meu cabelo está sempre desajeitado, não tomo banho todo dia, bebo adoidado, sou um horror. A maior parte das vezes é divertido.

>> Mas também é muito solitário...

Já me apaixonei várias vezes! nesses casos, me esforço em dobro para que a pessoa me odeie. Trágico, não? muito trágico... Eu só conseguia acompanhar a vida das celebridades, mas celebridades não tem vida... Das pessoas que eu conhecia e gostava, me esforçava para saber da vida delas, escutava conversas, xeretava, seguia na rua.. praticamente escrevi o Manual do Stalker.

>> A internet mudou minha vida: Não me sinto mais tão solitário.

Pois é, já tinha dito isso, mas repito. Agora "conheço" pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo, sei tudo sobre suas vidas. Sei tudo sobre a SUA vida. Mas agora que você sabe a minha praga, espero que não me leve a mal... Mas não fica muito solidária comigo senão já sabe o acontece, sua vagabunda! Gorda! Burra! Otária! -n :´(